Suspeito que uma criança é vítima. 
O que posso fazer?

Reconhecer os sintomas

Os sintomas que evidenciam as consequências das situações de violência sexual nem sempre são óbvios e determinantes, visto que cada criança ou jovem reage de forma diferente perante a vitimação.

Alguns desses sintomas podem ser de origem comportamental, física ou verbal, como quando por exemplo a criança ou jovem usa frases que são “muito adultas” para o seu desenvolvimento.

Falar com a criança ou jovem

Capturar

Perante uma revelação ou uma suspeita de violência sexual, é fundamental que se acredite na criança ou jovem.

Se a vítima pediu ajuda ou fez uma revelação (mais ou menos direta) junto de um/a adulto/a, é porque tem confiança naquela pessoa e acredita que, de alguma forma, vai poder ser ajudada.

É importante tentar, como interlocutor da revelação/suspeita, manter a calma e expressões empáticas com a vítima, mas neutras.

 

Perante uma revelação, é possível que o/a adulto/a com quem a vítima conversa sinta:

  • Raiva, pelo facto de o/a autor/a estar a praticar violência sexual contra aquela criança ou jovem

  • Frustração, pelo facto de, por exemplo, a criança ou jovem não ter revelado antes a situação ou, pelo contrário, por revelar a situação

  • Ansiedade, por querer agir da forma “certa” para com a vítima, ou ansiedade por antever a sua nova forma de se relacionar com o/a autor/a (especialmente se for um elemento da família)

  • Medo de represálias contra a vítima ou contra si próprio/a

  • Tristeza decorrente da revelação, pela criança/jovem, pela família ou por si próprio/a

  • Choque, por desconhecer em absoluto esta situação até à sua revelação

 

Estas reações são normais, mas é importante que, perante uma revelação ou suspeita, não as manifeste junto da criança ou jovem.

Também é importante que não julgue ou avalie o relato da vítima, sob pena de esta não voltar a fazer revelações ou a pedir ajuda numa situação de perigo.

Capturar

A investigação da veracidade dos factos cabe única e exclusivamente às autoridades policiais e judiciárias.

 

Qualquer conversa com a criança ou jovem deve acontecer num local seguro e em que não seja possível existirem interrupções.

Além disso, essa conversa deverá ter presente o mínimo de pessoas possível – preferencialmente, a conversa deverá acontecer apenas entre a vítima e a pessoa adulta.

 

Perante o relato da criança ou jovem, o/a adulto/a não deverá emitir juízos de valor:

  • Sobre quem praticou o crime: sendo, muitas vezes, uma pessoa próxima da vítima, é de esperar que a criança ou jovem defenda ou tente proteger essa pessoa, pela relação de proximidade/afeto/intimidade que mantém com o/a autor/a

  • Sobre o tipo de ato sofrido: não é necessário que o ato seja fisicamente intrusivo para que a vítima sofra o impacto do mesmo. Assim, o/a adulto/a não deverá desvalorizar alguns atos de violência sexual em detrimento de outros

  • Sobre a (não) reação da criança ou jovem: o/a adulto/a não deverá julgar a vítima sobre porque não pediu ajuda antes, ou sobre porque é que não reagiu de uma determinada forma perante uma investida de natureza sexual (ex.º “e tu não te defendeste?”) ou ainda sobre potenciais atos que poderão culpabilizar a vítima pelo que sucedeu (ex.º “também provocaste a situação”)

É ainda importante que o/a adulto/a tranquilize a criança ou jovem vítima: deverá proceder-se a um reforço positivo da revelação (ex.º “contares isso foi muito importante”, “foste muito corajoso/a”) e demonstrar à criança ou jovem que doravante poderá contar com o seu apoio, visto que foi a pessoa a quem pediu ajuda.


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