Estratégias de Segurança
Qualquer pessoa pode ser vítima de violência sexual e isso nunca é culpa da vítima.
Existem, no entanto, alguns conselhos úteis que podem ajudar a proteger as pessoas de atos sexuais não consentidos.
Relações de Intimidade
A maior parte das situações de violência sexual acontece em espaços que a vítima conhece e que lhe são familiares e praticada por pessoas que conhece.
Em muitas dessas vezes, a violência sexual ocorre no contexto de uma relação de intimidade, de maior duração (namoro, casamento, união de facto) ou ocasional (“relacionamentos de uma noite”).
O sexo não é uma obrigação no contexto de uma relação de intimidade. Cada ato sexual implica o consentimento por parte de todos os que estejam envolvidos na relação, seja ela de compromisso ou ocasional.
Em qualquer relação de intimidade:
- É importante sentir-se em segurança e ter confiança na pessoa com quem mantém essa relação, o que implica saber que essa pessoa vai respeitar todas as suas decisões;
- É fundamental comunicar, isto é, escutar e ser escutado/a, estabelecer limites, partilhar expectativas, receios e gostos, sem medo ou vergonha.;
- Expresse as suas opiniões, sobretudo as de recusa, com assertividade e clareza;
- Procure resolver qualquer conflito ou desentendimento de forma pacífica e saudável;
- Lembre-se que a linguagem não verbal também é uma forma de comunicar. É importante ter atenção a sinais não verbais de recusa e respeitá-los:
- Se a pessoa parecer desconfortável ou tensa, poderá estar a omitir algo que esteja a sentir;
- A pessoa pode dizer que “não” sem o dizer verbalmente – exemplo: se parar de beijar ou dar a entender que recusa toques ou abraços, pode ser um sinal de não consentimento.

Deixamos ainda alguns sinais que, se estiverem presentes no seu relacionamento, devem servir de alerta para o risco de a violência sexual acontecer ou agravar-se.
- Existência de argumentos para convencer a praticar um determinado ato sexual, mesmo que não queira, como “se me amasses mesmo, fazias…” ou “mas há pouco disseste que sim…”;
- Existência de pressões para a prática de atos sexuais que não gosta ou não quer;
- Existência de humilhações por negar o envolvimento numa prática sexual, fazendo uso de insultos ou outro tipo de agressões verbais e psicológicas, como “não prestas”;
- Existência de ameaças de infidelidade ou acusações de o ser, quando não aceita realizar algum ato sexual;
- Existência de ameaças de término da relação quando disse “não” a um determinado ato sexual;
- Uso do argumento que anteriormente já foi feito um determinado ato sexual realizado em mútuo acordo no passado para forçar a sua repetição;
- Crença, pela pessoa com quem mantém essa relação, que o seu papel é sobretudo o de satisfazer os seus desejos e fantasias sexuais.

Relações Ocasionais
Numa relação ocasional, reflita sobre os seguintes aspetos:
- É importante refletir sobre o grau de intimidade que se pretende ou espera quando se inicia uma relação com alguém que não se conhece bem.
- Modere aquilo que pretende revelar sobre si à pessoa que acabou de conhecer. Partilhe aquilo que é absolutamente necessário.
- Tem o direito de estabelecer de forma clara os seus limites e expectativas, sem receio ou vergonha de os dizer de forma assertiva.
Se se ausentar ou sair com a pessoa que acabou de conhecer do local onde se encontra:
- Diga a alguém da sua confiança para onde vai e peça-lhe para a contactar algum tempo depois;
- Opte por locais que conheça e em que se sinta em segurança. Evite locais propostos pela pessoa com quem está ou que não lhe ofereçam segurança.
Tenha atenção a sinais de risco, como o comportamento mais ou menos insistente da outra pessoa, por exemplo.
Também tenha em consideração os seus próprios sinais de desconforto, indecisão ou insegurança – se estes surgirem, pense antes de tomar alguma decisão. Lembre-se que tem sempre o direito de dizer que “não”.
Ambientes de Diversão
Apesar de as situações de violência sexual aconteceram com maior frequência em locais que a vítima conhece e que lhe são bastante familiares e íntimos, também podem acontecer em:
- Ambientes de diversão, onde se conjugam diversos fatores ou comportamentos de risco que podem aumentar a vulnerabilidade pessoal, como o consumo de álcool e/ou de substâncias psicotrópicas.
- Locais ou espaços menos familiares, ou seja, em relação aos quais ainda não se tem conhecimento acerca da forma como funcionam, por quem são frequentados, se são ou não seguros, entre outros aspetos. Isto acontece quando há, por exemplo, uma mudança de residência para uma nova rua, bairro ou cidade, para um local de trabalho ou de educação diferente.
Seguem-se algumas recomendações que pode ter em consideração:
- Registe no seu telemóvel contactos telefónicos que possa usar numa emergência.
- Opte por realizar as suas atividades na companhia de pessoas da sua confiança.
- Tenha atenção ao que está em seu redor.
- Nas suas deslocações, dê preferência a ruas e locais movimentados, iluminados e que conheça.
- Não aceite boleia de estranhos, nem ofereça boleia a pessoas que não conhece.
- Se utilizar o táxi como meio de transporte, procure fixar a matrícula e enviá-la por sms, por exemplo, a alguém da sua confiança.
- Não forneça informações pessoais a pessoas que não conhece, nomeadamente a sua morada, contacto telefónico e outro meio ou dado de identificação.
- Evite ficar isolado/a ou sozinho/a com alguém que não conheça ou em quem não confie.
- Em festas ou espaços de diversão, mantenha-se próximo/a de pessoas da sua confiança. Tenha em atenção aquilo que consome:
- Opte por comprar bebidas que venham em recipientes fechados ou que tenha visto a ser preparadas;
- Modere o consumo de álcool e não o misture com o de outras substâncias;
- Não consuma nada que não seja seu ou que lhe seja oferecido;
- Mantenha sempre a sua bebida por perto. Cubra-a com a sua mão. Se tiver de se ausentar do local em que se encontra, leve-a consigo.
- Se se sentir em perigo, fuja para um local mais seguro ou onde estejam mais pessoas.
- Numa emergência, ligue 112. A chamada é gratuita.
Todos nós temos um papel ao frequentar os espaços de diversão: devemos também estar atentos ao que nos rodeia. Se perspetivarmos uma situação que possa configurar um perigo acrescido para alguém (ex.º adulterar bebidas ou aproximações que podem ser consideradas indesejadas), podemos:
- aproximarmo-nos discretamente da pessoa e informando-a de que percebeu algo que a pode colocar em perigo (ex.º “a tua bebida pode estar adulterada”);
- mantermo-nos atentos para perceber se a pessoa pode precisar de ajuda;
- se não conheces a pessoa, tentar identificar quem a acompanha e alertar essas pessoas;
- tentar fixar o máximo de características da eventual pessoa agressora e informar funcionários/as ou seguranças do local para que possam dissuadir o comportamento e, se necessário, contactar as autoridades.