Preciso de Ajuda
Este não é um serviço de emergência. Se está em perigo ou precisa de assistência médica imediata, ligue 112.
Se acabou de ser vítima de Violência Sexual, pode estar a sentir muitas emoções e a ter muitos pensamentos. Pode sentir-se com medo, perturbado/a ou com raiva. Ou então pode estar a sentir confusão ou insegurança.
Não há uma forma certa ou errada de se sentir. Também é importante que saiba que o que está a sentir agora pode mudar ao longo do tempo.
Em qualquer circunstância, tente lembrar-se que nada do que aconteceu é culpa sua.
Se ainda não tomou uma decisão sobre o que fazer, pode pensar nas seguintes possibilidades:
- Ir para ou estar num local em que se sinta em segurança;
- Procurar que alguém da sua confiança esteja consigo;
- Falar com alguém – se ainda não quiser expor o que se passou a uma pessoa familiar ou amiga, pode fazê-lo junto da APAV. O nosso apoio é gratuito e confidencial
Quando se sentir preparado/a, leia as informações seguintes.
Após uma situação de violência sexual, considere as seguintes informações:
- Caso tenha havido alguma forma de contacto físico, especialmente penetração, evite tomar banho ou lavar qualquer parte do corpo até existir um exame por médico ou perito. Se possível, evite também usar a casa de banho para realizar as suas necessidades fisiológicas.
- Recolha todos os vestígios deixados pela agressão: as suas roupas e objetos, bem como outros objetos que possam pertencer à pessoa agressora. Guarde tudo, sem lavar, num saco de papel.
- Contacte a Polícia Judiciária e denuncie o crime de que foi alvo. Os inspetores da Polícia Judiciária têm formação especializada e qualificada para contactar com vítimas de violência sexual.
- Dirija-se o mais rapidamente possível a uma Delegação ou Gabinete Médico-Legal do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) ou, especialmente se for fora do horário de expediente, a um Hospital. Leve consigo todos os vestígios deixados pela agressão. Os vestígios da agressão que existam no seu corpo, roupa e objetos poderão ser meios de provas muito importantes, caso decida apresentar queixa do crime de que foi vítima.
- Em situações de violência com contacto físico, mesmo que não tenha marcas visíveis da agressão, é muito importante que seja feito um exame por um profissional de saúde para despistar qualquer tipo de infeção sexualmente transmissível, alguma lesão interna e, no caso do sexo feminino, alguma gravidez.
A APAV está disponível para lhe prestar todos os esclarecimentos e para o/a auxiliar no exercício dos seus direitos, bem como para lhe prestar todo o apoio que necessita, mesmo que decida não fazer queixa do sucedido.
Se viveu uma situação sexualmente violenta há alguns meses ou mesmo anos, saiba que estamos disponíveis para prestar apoio.
Sabemos que, mesmo muito tempo depois da violência sexual, ainda podem estar presentes consequências nalgumas dimensões da vida das vítimas.
Por vezes, quem está ao redor das vítimas sugere que “esqueçam tudo” o que se passou. Mas os sentimentos das pessoas que viveram a violência sexual são reais e válidos e simplesmente não desaparecem como se fosse magia.
É possível que ainda possa:
- Sentir raiva
- Sentir ansiedade ou pânico
- Ter memórias recorrentes
- Ter pesadelos ou problemas de sono
- Sentir-se desligado/a da realidade
- Sentir que não vale nada
- Sentir culpa ou vergonha pelo que aconteceu
Quer se identifique com esta lista ou quer tenha outras consequências que não estão aqui, a sua experiência é real, válida e única.
Não há uma forma certa ou errada de se sentir.
Em qualquer circunstância, tente lembrar-se que nada do que aconteceu é culpa sua, assim como não são as consequências que vive agora.
Pode acontecer que esteja a pensar se o que aconteceu foi uma situação de Violência Sexual ou se é sequer legalmente considerada violência sexual.
É importante fixar o essencial: se algum contacto sexual aconteceu consigo sem o seu consentimento, então é uma situação de violência sexual – e isso não é culpa sua.
Independentemente do que aconteceu, estamos disponíveis para ajudar. O nosso apoio é confidencial e gratuito. Vamos ouvir sem julgamentos.
Por vezes, pode pensar: foi uma violação, foi coação sexual, foi importunação sexual ou outra forma de violência?
Estes conceitos estão muitas vezes ligados às definições da Lei e são usados pelo Sistema de Justiça para definir os comportamentos praticados.
No entanto, quer para o apoio junto da APAV, quer para formalizar uma denúncia ou queixa nas autoridades, não tem de saber que crime está em causa: apenas relatar o que aconteceu e como se sentiu – a classificação cabe às autoridades.
Tudo pode começar com um “Acredito em ti”.
Quando uma pessoa é vítima de violência sexual, é comum que acredite que ninguém vai acreditar em si.
Ao procurar ajuda, a pessoa vítima quer o seu apoio e ser lembrada que o que aconteceu não é sua responsabilidade.
A pessoa agressora tirou-lhe o controlo da situação.
O seu apoio, agora, pode ajudar a que a pessoa vítima volte a entrar no caminho para recuperar o poder que perdeu ou que sente ter perdido.
Enquanto pessoa familiar ou amiga, pode querer proteger a pessoa vítima a todo o custo. Mais importante é dar-lhe ferramentas para que possa tomar decisões e seguir o seu processo de recuperação.
É mais útil dizer à pessoa vítima que está ao lado dela do que lhe dar indicações sobre o que deve fazer ou sentir.
Assim, se souber de alguém que foi vítima:
- Escute com atenção. Não faça julgamentos, nem pressione a outra pessoa a esquecer o que se passou.
- Seja paciente. Lembre-se que falar sobre o que aconteceu pode não ser fácil para a outra pessoa.
- Mostre claramente que acredita no que está a contar.
- Diga-lhe que nada do que aconteceu é culpa sua.
- Reforce a coragem que demonstra ao partilhar consigo o que lhe aconteceu.
- Encoraje e sensibilize para a importância de denunciar o crime.
- Encoraje a procura de ajuda profissional. Diga-lhe que é importante contactar a APAV.
- Respeite os sentimentos e as decisões da outra pessoa, mesmo que não concorde com elas.
Receber esta informação pode ser avassalador para pessoas familiares e amigas. A APAV está disponível para ajudar.
A violência sexual é um fenómeno que pode acontecer em diferentes locais e ocasiões.
Assim, qualquer um de nós pode vir a testemunhar alguém a ser alvo de comentários sexuais ou por exemplo a ser vítima de alguma forma de violência sexual.
Saber como agir pode ser difícil. Por vezes, “congelamos” e ficamos incapazes de falar. Podemos também ter medo de piorar a situação ou de nos colocarmos em perigo. Ou por vezes pensamos que é melhor não intervir e “metermo-nos na nossa vida”.
Há momentos em que, se estivermos sozinhos/as, intervir pode não ser seguro. Nesses casos, pode haver uma forma diferente de ajudar.
A prioridade nestes casos é a sua segurança: olhe para o que está a acontecer, respire fundo e avalie os seguintes pontos:
- É seguro intervir?
- Está com outras pessoas ou sozinho? Se estiver sozinho, há outras pessoas por perto que o possam ajudar?
- O que pode ser feito evitando que alguém seja colocado em perigo?
A forma de intervir dependerá provavelmente da situação ou do que se sentir seguro ou confortável para fazer.
Pode utilizar as premissas* dos “5Ds” para agir e interromper a situação, procurando ainda oferecer apoio à pessoa vítima:
*Estas premissas foram criadas pela Right To Be e adaptadas para português pela APAV.
- Criar uma Distração
- Falar com a pessoa visada sobre algo que não tem nada a ver com o que está a testemunhar – por exemplo, fingir que precisa de indicações, ou fingir que a conhece;
- Fazer uma “cena” – por exemplo, entornar a bebida, deixar cair algo, fazer barulho;
- Colocar-se fisicamente entre a pessoa agressora e a vítima.
Qualquer que seja a opção adotada, deve tentar ignorar a presença da pessoa agressora.
- Delegar
Nestes casos, vai pedir-se apoio a outra pessoa para apoio na resolução do que está a acontecer.
Esta pode ser:
- Alguém em posição de autoridade – por exemplo, um professor, motorista de transportes públicos, segurança do espaço, etc.
- Qualquer outra pessoa que esteja no local onde o incidente está a ocorrer.
- Os serviços de emergência – 112
- Ligue apenas se a pessoa estiver em perigo imediato. Se não for o caso, procure confirmar com a pessoa vítima se é algo que ela quer que faça. Algumas pessoas podem ficar desconfortáveis com a presença de autoridades, deixando-as mais perturbadas.
- Diferir
Se, naquele momento, não conseguir ou puder intervir, pode abordar a vítima mais tarde e oferecer ajuda. Nunca é demasiado tarde para oferecer ajuda ou agir e pode fazer uma diferença significativa na vida das vítimas.
Pode dizer à pessoa visada:
- “Está bem?”
- “Lamento que isto tenha acontecido.”
- “O que aconteceu não foi correto.”
- “Posso fazer alguma coisa para ajudar?”
- Direcionar
Implica responder diretamente ao que está a acontecer, chamando a atenção da pessoa agressora, nomear o que está a acontecer ou dizer que não está certo.
Esta abordagem deve preceder da resposta “SIM” às perguntas seguintes:
- Está fisicamente seguro?
- A pessoa que está a ser alvo está fisicamente segura?
- Parece improvável que a situação se agrave?
- Consegue perceber se a pessoa visada quer que fale?
Se for direcionar, então:
- Tenha uma abordagem breve, sucinta e exacta.
- Não entre numa conversa ou discussão com a pessoa agressora.
- Fale com voz calma e educação.
Se decidir direcionar então pode usar expressões como:
- “Isso é violência sexual.”
- “O que está a fazer não é correto.”
- “Isso não teve piada.”
- “Não podes fazer isso.”
- Documentar
Esta ação só deve ser feita se mais alguém já estiver a ajudar a pessoa vítima. Antes de documentar, é importante ter em mente os seguintes pontos:
- Verificar com a pessoa visada se ela quer que documente o que está a acontecer. Se ela disser “não”, então não o faça.
- Manter uma distância segura.
- Nunca publicar vídeos ou fotografias do que aconteceu nem os dar a outra pessoa sem a autorização da pessoa visada. Isto inclui nunca os partilhar nas redes sociais ou enviá-los a outra pessoa.
Documentar significa registar o que está a acontecer – vídeo, fotografias ou um registo escrito do que aconteceu. Pode ser útil se a pessoa vítima quiser reportar o sucedido.
Nessa documentação, devem constar os atos que foram praticados, mas também pontos de referência ou a morada, dia e hora.
É importante lembrar que a violência sexual é sempre culpa de quem a pratica. Se assistiu a uma situação e não agiu ou não pôde agir, a culpa não é sua.
Nestes casos, pode também contar com o apoio da APAV.