QUEM É A VÍTIMA?

Qualquer pessoa pode ser vítima de assédio persistente, independentemente da sua idade, género, religião, classe social/nível socioeconómico, formação ou estado civil. No entanto, as investigações sobre esta forma de violência têm chegado à conclusão que as mulheres jovens representam um grupo mais vulnerável, apresentando um risco mais elevado do que a restante população.

A vítima de um/a ex-parceiro/a é normalmente uma vítima do sexo feminino que é perseguida e persistentemente assediada por uma pessoa com quem manteve uma relação de intimidade no passado como, por exemplo, um ex-namorado ou um ex-marido. Apesar de ser esta a situação mais frequente, o assédio persistente também pode ser perpetrado por uma mulher contra o seu ex-parceiro do sexo masculino, ou ainda entre ex-parceiros de casais do mesmo sexo. As vítimas de ex-parceiros/as são geralmente as que sofrem, por comparação com as outras vítimas, um maior número de comportamentos de assédio persistente, que tendem a prolongar-se e a persistir ao longo do tempo, verificando-se também um aumento na gravidade e na probabilidade de dano físico decorrente dos
comportamentos dos ex-parceiros Estas vítimas são as apresentam maior risco de serem vítimas de ameaças ou agressões físicas e as que apresentam, igualmente, risco mais elevado de homicídio. Estas vítimas tendem a sentir-se mais culpabilizadas pela situação, uma vez que já haviam mantido um relacionamento íntimo com a pessoa que as tem assediado.

As vítimas de assédio persistente nesta categoria são maioritariamente do sexo masculino. São geralmente homens com fracas competências sociais, isto é, dificuldade em estabelecer e manter relações de amizade tentando, através do assédio persistente, estabelecer um relacionamento íntimo com a vítima.
Estas vítimas são assediadas por períodos relativamente curtos de tempo e têm uma menor probabilidade de estar expostas a atos de violência.

Determinadas profissões (i.e. profissionais de saúde, assistentes sociais, advogados/as, professores/as, psicólogos/as) implicam a realização de contatos regulares entre o/a profissional e a pessoa que este/a acompanha, bem como a construção de uma relação profissional que, em alguns casos, envolve o desenvolvimento de uma relação de confiança, de empatia e de confidência com vista à resolução das problemáticas apresentadas pela pessoa que se encontra a ser acompanhada ou intervencionada. Em alguns casos, o fim da relação profissional pode gerar situações de assédio persistente, pela dificuldade de a pessoa alvo da intervenção, acompanhamento ou tratamento aceitar o fim da relação e/ou de tomar decisões sem o auxílio ou aconselhamento anteriormente fornecido pelo profissional
Nestas situações o/a profissional torna-se vítima de assédio persistente por parte do seu/sua cliente/utente que, sentindo-se rejeitado/a ou abandonado/a, tenta, por diversos meios, manter ou estabelecer uma relação de intimidade fora do contexto profissional.

O assédio persistente em contexto laboral é habitualmente praticado por empregadores, colaboradores, colegas ou clientes. A motivação dos comportamentos de assédio persistente poderá estar associada à vontade de estabelecerem com a vítima uma relação de intimidade ou, pelo contrário, por vingança ou retaliação perante alguma mudança na dinâmica ou na estrutura do contexto de trabalho (por exemplo, a vítima poderá ser persistentemente assediada por um/a colega de trabalho que discorde ou se percepcione como injustiçado/a face à promoção ou progressão na carreira profissional alcançada pela vítima).

As situações de assédio persistente em contexto laboral podem escalar para situações de violência física, quer contra a vítima quer contra terceiros.

As situações de assédio persistente concretizadas por uma pessoa que a vítima desconhece estão habitualmente associadas a um menor de risco de perpetração de condutas violentas. Ainda assim, nos casos em que o/a autor/a dos comportamentos de assédio persistente age motivado pelo desejo de se envolver sexualmente com a vítima, o risco de violência (sobretudo sexual) é maior. As vítimas de assédio persistente por desconhecidos tendem a sentir-se mais vulneráveis e em alarme constante. Nestas situações, a ansiedade e a confusao são maiores pois as vítimas não compreendem as razões que motivaram a “escolha” do/a autor/a dos comportamentos de assédio persistente. 

As situações de assédio persistente concretizadas por uma pessoa que a vítima desconhece estão habitualmente associadas a um menor de risco de perpetração de condutas violentas. Ainda assim, nos casos em que o/a autor/a dos comportamentos de assédio persistente age motivado pelo desejo de se envolver sexualmente com a vítima, o risco de violência (sobretudo sexual) é maior. As vítimas de assédio persistente por desconhecidos tendem a sentir-se mais vulneráveis e em alarme constante. Nestas situações, a ansiedade e a confusao são maiores pois as vítimas não compreendem as razões que motivaram a “escolha” do/a autor/a dos comportamentos de assédio persistente. 

Os casos de falsas vítimas acontecem com pouca frequência e são, normalmente, situações em que os papéis se invertem, isto é, em que o/a autor/a dos comportamentos de assédio persistente acusa intencionalmente a sua vítima de o/a perseguir/assediar, como forma de retaliação ou com o objetivo de prolongar ou manter os contatos com a/o mesma/o. Há outras situações em que a vítima, em consequência de uma vitimação por assédio persistente anterior e movida por sentimentos de alerta constante e desconfiança, interpreta comportamentos “normais” como sendo de assédio persistente. Nestas situações, a perceção de se estar a viver uma experiência de assédio persistente não é intencional, nem movida por desejos de vingança, tratando-se de um desajuste na leitura que é feita dos atos de outras experiências prévias de natureza traumática.