A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima divulga as Estatísticas APAV | Vítimas de (Cyber)Bullying | janeiro a setembro de 2025, revelando uma realidade que continua a exigir maior atenção às respostas de apoio especializado e ao reforço das medidas de prevenção e sensibilização dirigidas a crianças, jovens e comunidades educativas.
Entre janeiro e setembro de 2025, a APAV apoiou 77 vítimas de bullying e cyberbullying. Os dados agora divulgados mostram que estas formas de violência continuam a afetar sobretudo crianças e jovens, maioritariamente em contexto escolar.
Do total de situações registadas, 55 referem-se a casos de bullying, 17 a cyberbullying e 5 envolveram ambos os tipos de violência. A violência verbal foi a mais frequente, presente em 71,7% das situações, seguida da violência física (41,7%), social (40%) e sexual (3,3%).
A maioria das vítimas é do sexo feminino (62,3%), seguindo-se o masculino (36,4%) e outras identidades de género (1,3%). Quase metade das pessoas apoiadas tinha entre 11 e 17 anos, mas também foram registados casos em crianças com menos de 10 anos (14,2%) e em adultos com 18 anos ou mais (20,8%).
Em mais de metade das situações (51,7%), a pessoa agressora frequentava a mesma escola da vítima, sendo em 62,2% dos casos colega de turma. Apesar de o contexto escolar ser o mais comum, apenas 58,4% das situações foram comunicadas à escola, enquanto em 36,4% dos casos as instituições de ensino não foram informadas.
No que respeita à apresentação de queixas formais, apenas 24,7% das vítimas apresentou denúncia às autoridades. A APAV relembra que o bullying e o cyberbullying não são crimes autónomos no Código Penal português, sendo enquadrados noutras tipificações legais, como ofensa à integridade física, ameaça, injúria, difamação ou devassa da vida privada.
Os dados revelam ainda que muitas vítimas sofrem mais do que um tipo de violência em simultâneo, evidenciando dinâmicas de vitimação complexas e prolongadas. Entre as formas relatadas encontram-se insultos, exclusão social, perseguições e agressões físicas, bem como comentários discriminatórios e humilhações públicas — tanto em ambiente presencial como online.
A APAV reforça o seu compromisso em apoiar todas as vítimas de violência, promovendo a sensibilização, a prevenção e a intervenção junto de crianças, jovens, famílias e comunidades educativas, para que ninguém tenha de enfrentar o bullying ou o cyberbullying sozinho.
As pessoas que vivam ou testemunhem situações deste tipo podem procurar apoio através de recursos como a aplicação Tozi, com conteúdos destinados aos jovens que pretende consciencializar para a temática do cyberbullying, proteção online e cidadania digital, a Linha Internet Segura (800 219 090) e a Linha de Apoio à Vítima 116 006 (gratuita e disponível nos dias úteis, das 8h às 23h).
Consulte aqui o documento.
