Prevenção

Para podermos saber como prevenir a ocorrência de crimes patrimoniais, precisamos primeiro de perceber quais os fatores de risco a eles associados.

FATORES DE RISCO

As vítimas de crimes patrimoniais questionam-se muitas vezes sobre os motivos que as levaram a ser o alvo eleito pelos criminosos, mas a verdade é que esta escolha raramente é aleatória.

Há um conjunto de fatores de risco que tornam certas pessoas mais vulneráveis à criminalidade patrimonial, tais como:

Desinformação:
Não perceber de tecnologia, não compreender o funcionamento e procedimentos adotados por instituições bancárias, polícia, empresas de prestação de serviços de água, luz, gás, tornam as pessoas mais vulneráveis a este tipo de criminalidade.

Desconhecimento do local que o rodeia:
Se for muito óbvio que desconhece por completo o local onde se encontra, torna-se um alvo fácil a vários crimes de natureza patrimonial, desde furtos, roubos ou até mesmo burlas. Por exemplo, será muito fácil dar-lhe indicações erradas, atraindo-o para um local isolado e menos movimentado.

Solidão e isolamento:
Uma pessoa que more sozinha ou que caminhe sozinha na rua estará em muito maior risco de sofrer algum destes crimes, do que uma pessoa que esteja ou more acompanhada.

Incapacidade de resistência ou fragilidade:
Querendo ou não, a verdade é que quanto maiores forem as limitações físicas, maior será o risco de sofrer um crime deste tipo. Falamos não apenas de pessoas idosas ou com claras dificuldades motoras, mas também de pessoas pequenas, delicadas e sem grande força física, ou até em manifesto estado de embriaguez.

Zonas escuras, escondidas e isoladas:
Basta pensar-se no período da noite – até andar de carro numa zona isolada em período noturno pode aumentar a vulnerabilidade a este tipo de criminalidade.

Negociar sem conhecer a outra parte:
Se negoceia na base da pressão, sem pesquisar e procurar saber a reputação da outra parte (seja particular, seja empresa), estará mais vulnerável à criminalidade patrimonial, em especial burlas.



No que concerne especificamente aos furtos, é importante denotar alguns fatores de risco adicionais.

Para isso, tentemos perceber como funciona a cabeça de um assaltante.

Se quisesse assaltar uma casa, quais seriam as condições ideais? Quereria entrar e sair sem ser notado, certo? Uma casa que lhe oferecesse poucos obstáculos, que fosse relativamente simples de aceder. De preferência, sem ninguém no interior, mas com muita coisa de valor.

O assaltante escolhe o alvo do assalto tendo em conta a sua segurança (ou falta dela), nomeadamente através da observação dos seguintes fatores:

• Portas ou portadas laterais abertas;
• Janelas acessíveis abertas;
• Escadas deixadas no exterior a permitirem o acesso a janelas de outro modo inacessíveis;
• Ferramentas de jardinagem espalhadas fora da habitação e que permitam forçar a entrada;
• Sebes altas que impedem uma vigilância natural (da rua, pelos vizinhos, etc);
• Quando em prédios ou condomínios fechados, qualquer vizinho facilitar a entrada de desconhecidos através do sistema de intercomunicação;
• Segundas chaves escondidas em locais próximos da porta de entrada ou na caixa do correio.

Como mencionado, na maioria dos casos é igualmente relevante que a casa esteja desocupada. Então, o que dará essa aparência?

• Objetos deixados à porta ou nas escadas;
• Jornais e correspondência acumulada na caixa do correio;
• Casas não iluminadas após o pôr do sol;
• Janelas permanentemente fechadas.

E se, pelo contrário, o seu interesse fosse furtar/roubar um carro, nomeadamente através do esquema de carjacking supramencionado? O que acha que seria relevante para levar o assaltante a escolher o seu carro em detrimento de outro qualquer?

O valor do carro e das respetivas peças é, sem dúvida, um fator determinante para a ocorrência de um furto nestas condições. Mas como diz o ditado “a ocasião faz o ladrão”. Os criminosos vão esperar pelas oportunidades de ouro, nomeadamente:
• Cruzamentos com semáforos ou sinais de paragem obrigatória;
• Estradas muito apertadas e isoladas, onde seja impossível desviar-se de um obstáculo;
• Garagens ou grandes parques de estacionamento, centros comerciais e estabelecimentos de consumo ou de diversão de massas;
• Estações de serviço self-service;
• Bombas de combustível;
• Zonas de passagem, onde as pessoas entrem e saiam de veículos apenas para fazer um recado rápido, como caixas de Multibanco;
• Entradas e saídas de autoestradas.

Não obstante o preenchimento de algum destes fatores de risco aumentar a probabilidade de ser vítima de um crime patrimonial, nunca é demais lembrar que ninguém está livre. Todo o cuidado é pouco no que concerne à prevenção deste flagelo. Afinal, mais vale prevenir do que remediar!


COMO PREVENIR?

Conhecidos os fatores que acrescentam vulnerabilidade, cabe agora perceber como é que se pode proteger. Afinal, o que podemos mudar no nosso quotidiano para nos tornarmos alvos menos aliciantes a este tipo de criminalidade?


COMO PREVENIR?

Conhecidos os fatores que acrescentam vulnerabilidade, cabe agora perceber como é que se pode proteger.
Afinal, o que podemos mudar no nosso quotidiano para nos tornarmos alvos menos aliciantes a este tipo de criminalidade?

• Quando se instalar numa nova residência que já tenha tido outros moradores, mude as fechaduras.

• Deixe sempre as portas e janelas fechadas quando sair.

• Se sair à noite, corra os cortinados e deixe algumas luzes acesas ou um rádio a tocar.

• Coloque um óculo e uma corrente de segurança na sua porta.

• Não deixe entrar pessoas suspeitas ou desconhecidas, sem ter a certeza de quem são.

• Tenha sempre à mão os números de telefone para poder comunicar com alguém, principalmente com a polícia. Nunca se esqueça que em momentos de aflição, o melhor será contactar o 112.

• Se tiver essa possibilidade, instale um alarme contra intrusão e informe as Forças de Segurança com jurisdição na sua área de residência.

• Não deixe escritos na porta, janela ou caixa do correio, que indiquem a sua ausência.

• Evite ter em casa grandes quantias em dinheiro.

• Guarde em lugar seguro joias, dinheiro, valores e objetos de arte. Afaste objetos de valor das janelas.

• Catalogue, se possível, os seus objetos de valor e anote os respetivos números de série.

• Em vez de deixar uma segunda chave escondida perto da sua porta, opte por dar uma cópia a alguém da sua confiança, como um familiar próximo ou um vizinho.

• Mantenha as ranhuras de entrega de correspondência afastadas das portas.



Se se ausentar por longos períodos de tempo:

• Não deixe acumular correspondência na caixa do correio. Peça a alguém da sua confiança para a recolher.

• Cancele todas as entregas ao domicílio.

• Peça a alguém que abra regularmente as persianas e cortinas durante o dia e ligue a iluminação interior algumas noites.

• Instale temporizadores que acendam e apaguem automaticamente luzes, rádios ou televisões.

• Desligue o atendedor de chamadas ou reformule a mensagem para dar a impressão de que só está impedido de atender temporariamente.

• Não divulgue a estranhos que vai de férias ou estará ausente. Evite publicitar nas redes sociais que se encontra longe de casa.

• Informe o seu vizinho de confiança de que estará ausente por algum tempo e peça-lhe para ir dando uma vista de olhos à casa. Ele é a sua segurança mais próxima. A solidariedade entre vizinhos inibe a ação dos criminosos.

• Peça a um vizinho da sua confiança que estacione no “seu” sítio de estacionamento.

• Se tiver um segundo carro e não o levar consigo, coloque-o na garagem ou peça a alguém da sua confiança que o mude de lugar de vez em quando durante a sua ausência. 

• Mantenha-se alerta! Não leve postos os auscultadores ou mexa no telemóvel enquanto anda: isso impedi-lo-á de prestar atenção ao que se passa à sua volta.

• Evite trazer consigo grandes somas de dinheiro e objetos de valor.

• Se precisar de levar consigo grandes somas de dinheiro, não o guarde todo no mesmo sítio.

• Coloque o seu telemóvel com um toque discreto ou no silêncio, de modo a não chamar à atenção.

• Leve sempre a sua mala do lado oposto à berma, mantendo-se junto dos edifícios.

• Evite andar sozinho depois de escurecer. Se tiver essa necessidade, faça o caminho a falar ao telemóvel. Se não tem telemóvel, equacione comprar um.

• Evite circular em locais isolados e pouco iluminados.

• Evite atalhos através de caminhos ou carreiros mal iluminados, ou através de descampados ou parques, mesmo que tenha de percorrer maiores distâncias.

• Em locais isolados ou mal iluminados, mantenha as mãos fora dos bolsos, pois será mais rápida qualquer reação defensiva da sua parte.

• Mesmo que circule em lugar desconhecido, aja como se soubesse para onde vai. Se notar que alguém o observa, tente não sair das zonas mais movimentadas.

• Quer de dia, quer de noite, não peça, nem aceite boleia de estranhos.

• Durante a noite, evite paragens de autocarro ou estações de metro isoladas.

• É prudente que diga a alguém para onde vai, qual o caminho que vai seguir e quando pensa regressar.

• Caminhe contra o sentido do trânsito, a fim de se aperceber de qualquer manobra ou aproximação suspeita de qualquer veículo.

• Afaste-se dos carros estacionados que tenham os motores ligados e gente sentada no interior. Pode ser puxado para dentro do carro.

• Prepare previamente as chaves para poder entrar em casa de forma mais célere.

• Afaste-se de pessoas embriagadas, mesmo que conhecidas. Não facilite: o álcool afeta a lucidez e pode alterar o comportamento normal da pessoa.

• Num autocarro com poucos passageiros, procure sentar-se perto do motorista e queixe-se ao mesmo, sempre que alguém o incomodar.

• No metropolitano ou no comboio, evite carruagens vazias e procure viajar em carruagens onde se encontrem funcionários da empresa.

• Coloque o número do posto local da GNR num dos números de marcação rápida. 

Sempre que esteja em locais com muita gente, como transportes públicos, concertos e festivais:

• Leve a bolsa sempre debaixo do braço.

• Esteja muito atento às mochilas, colocando-as da parte da frente do seu corpo.

• Em caso de encontrão com alguém, verifique se a carteira, o telemóvel e os restantes objetos de valor continuam consigo.

• Coloque os seus cartões com tecnologia contactless, isto é, que possibilitem o pagamento por mera aproximação ao TPA (Terminal de Pagamento Automático), em carteiras metalizadas que cortem o sinal. 

Sempre que viaje para o estrangeiro ou para outro ponto do país:

• Em vez de levar consigo grandes quantias em dinheiro, opte por fazer os seus pagamentos com cartão bancário. O ideal será usar um método de pagamento que não esteja diretamente associado à sua conta principal, como um cartão Revolut, por exemplo.

• Informe-se das tarifas de câmbio entre a moeda do seu país e o país que vai visitar.

• Tenha cuidado com os seus documentos – escolha um local seguro para os guardar.

• Em aglomerados, guarde a carteira num local seguro que seja difícil de aceder aos carteiristas.

• Durante os seus passeios, não dê nas vistas, vista-se discretamente.

• Tente evitar encontros em locais desconhecidos e isolados.

• Feche as malas de viagem à chave sempre que utilizar transportes públicos.

• Se nas férias utilizar um veículo do tipo caravana, tranque as portas mesmo enquanto conduz.

• Sempre que faça compras em locais turísticos, não perca o seu cartão bancário de vista – não permita que os funcionários insiram o seu cartão em terminais de pagamento fora de vista.

• Esteja sempre atento aos movimentos da sua conta bancária, quer durante a estadia, quer depois de regressar. 

• Mantenha o telemóvel no bolso ou na mala quando não o estiver a usar.

• Proteja os seus dispositivos eletrónicos com passwords, pins ou informações biométricas.

• Registe o n.º de série eletrónico (ESN) do seu telemóvel.

• Registe o IMEI – o identificador único do seu telemóvel, utilizado pela polícia para o rastrear. Pode obter o IMEI digitando *#06# no seu telemóvel e ser-lhe-á mostrado um n.º de 15 dígitos.

• Marque os seus dispositivos eletrónicos com o seu código postal e n.º de porta. Isto ajudará a polícia a identificá-los em caso de furto ou roubo.

• Evite atrair a atenção para os seus dispositivos eletrónicos quando os utiliza em público ou os transporta.

• Não abandone o seu telemóvel desbloqueado e sem supervisão.

• Faça cópias de segurança: às vezes, mais do que o valor do próprio telemóvel, a maior perda está no conteúdo armazenado, como contactos, fotos e vídeos. Por isso, faça um backup de toda essa informação com alguma regularidade.

• Instale a aplicação “Find my Device”, se tiver um aparelho com sistema operativo Android e ative a localização remota dos dispositivos. No iPhone, certifique-se de que tem ativa a opção “Encontrar iPhone”. Pode aceder-lhe em Definições > Privacidade > Serviços de localização > Serviços do sistema. Se deixou o telemóvel nalgum sítio ou se este foi roubado, com esta aplicação, ou outras com funcionalidades antirroubo, poderá ver a localização exata do mesmo através de um computador ou outro dispositivo. Além de localizar o aparelho, poderá também fazer soar um alarme, bloquear o ecrã ou até apagar todos os dados do telemóvel e restaurar as definições de fábrica. Note que estas opções só estarão disponíveis se o aparelho estiver ativo e com ligação à internet. Alguns fabricantes têm apps semelhantes – a Samsung, por exemplo, disponibiliza o serviço “Find my mobile” que permite fazer uma cópia de todos os dados antes de os apagar e impossibilita que o telemóvel seja desligado com o ecrã bloqueado.

Na navegação online, deve:

• Escolher passwords fortes e diferentes para as suas contas de e-mail e redes sociais.

• Terminar a sessão de todas as suas contas quando não precisar mais de as utilizar, em especial quando consulta o website do seu Banco.

• Verificar se o URL da página começa por “HTTPS” em vez de apenas “HTTP”. O “S” indica “seguro”. Não é uma garantia absoluta de que o site seja fidedigno, mas quase todos os sites que o são utilizam HTTPS por ser mais seguro. Os sites HTTP, mesmo fidedignos, estão vulneráveis aos hackers.

• Procurar sempre as opiniões dos sites onde pretende realizar compras online, de forma a atestar a sua fidedignidade.

• Leia os termos e condições dos sites onde pretende realizar compras ou vendas online.

• Nas suas compras online, opte por métodos de pagamento seguros, como cartões MBNet, evitando fornecer o número do seu cartão de débito. 

• Assine o seu cartão de débito ou crédito assim que o receber.

• Guarde sempre o código do seu cartão em lugar diferente deste.

• Mantenha os seus dados (contacto telefónico, morada, etc) atualizados junto do seu Banco.

• Todos os documentos ou papéis anotados por si que contenham informações sobre o seu cartão bancário, nomeadamente códigos, número do cartão, titulares da conta bancária, saldo disponível, etc, devem, assim que não tiverem mais utilidade, ser destruídos. Não basta deitá-los ao lixo!

• Guarde sempre consigo todos os talões de pagamentos realizados com o seu cartão em estabelecimentos comerciais e os talões de Multibanco depois de cada transação. Destrua-os logo que deixar de precisar deles.

• Não forneça o número do seu cartão bancário (referimo-nos ao número que normalmente aparece na frente do cartão) a ninguém. Para realizar compras online, muitas vezes será necessário introduzir este dado, mas deve certificar-se de que o site é de confiança. Não forneça estes dados pelo telefone, seja por chamada, seja por SMS.

• Sempre que pagar com o seu cartão de crédito ou débito, certifique-se de que o funcionário não anota o número do seu cartão.

• Nunca assine talões em branco. Quando seja necessário assinar um talão – ou qualquer outro documento – trace todos os espaços em branco antes do destinado à sua assinatura.

• Faça um controlo regular dos movimentos da sua conta.

• Se tiver sido informado de que já deveria ter recebido um cartão de crédito ou débito pelo correio e tal não sucedeu, informe imediatamente o seu Banco ou entidade emitente.

• Cancele todos os cartões que não use.

• Fotocopie a frente e verso de todos os seus cartões bancários e guarde as cópias em lugar protegido e seguro. Isso facilitar-lhe-á o cancelamento do cartão em caso de furto ou perda.

• Em caso de furto ou perda do seu cartão bancário, desconfie quando lhe comunicarem que o seu cartão foi encontrado e lhe vai ser devolvido. Muito provavelmente trata-se de um esquema através do qual o criminoso pretende ganhar tempo e evitar que o cartão seja cancelado com celeridade.

Quando utilizar uma caixa de Multibanco:

• Respeite o espaço dos outros utilizadores, de modo a permitir privacidade no momento de introdução do código secreto.
Recomendamos que mantenha uma distância de, pelo menos, dois metros até que o utilizador complete a transação.

• Ao iniciar a utilização do Multibanco, certifique-se de que a pessoa que se encontra atrás de si se mantém à distância recomendada e não permita que alguém o distraia enquanto procede à transação.

• Fique atento à zona envolvente. Se notar alguém muito perto de si ou que o esteja a observar, cancele de imediato a transação e dirija-se a outro Multibanco.

• Nunca force a entrada do cartão no leitor.

• Nunca digite o código secreto antes de receber essa indicação no ecrã.

• Mantenha-se junto do Multibanco e cubra o teclado com o seu próprio corpo; digite sempre o código secreto cobrindo o teclado com a outra mão. Deve ainda garantir que o faz nas devidas condições de privacidade, protegendo a sua digitação do olhar de terceiros ou de equipamento de filmagem.

• Se, no decurso de uma transação, notar que a máquina não está a funcionar regularmente ou apresenta instruções não usuais, cancele a transação e comunique os factos observados ao seu banco.

• Retire o cartão do leitor mal receba essa indicação no ecrã. Se o cartão ficar retido na máquina, informe de imediato o seu banco. Não aceite ajuda de estranhos “bem-intencionados”.

• Depois de completar a transação, guarde o dinheiro e o cartão discretamente. Não fique junto do Multibanco a contar e a manipular as notas.