O Trauma Psicológico

O trauma psicológico pode definir-se como um estado psíquico ou comportamental alterado que resulta do stress mental ou, ainda, de uma lesão física.

Diversos acontecimentos comportam simultaneamente o trauma físico e o trauma psicológico, como aqueles que convulsionam a vida de uma população (por exemplo, um terramoto, com destruição e explosão de edifícios; um homicídio) ou de alguém em particular (por exemplo, a perda de um ente amado num acidente de viação).

Outras respostas traumáticas podem ser desencadeadas por uma série de acontecimentos, diversos e nem sempre relacionados com a prática de crime (por exemplo, uma fratura óssea, uma intervenção cirúrgica ou ataque por um animal).

O trauma, enquanto resultado de um impacto negativo, ou da experiência coerciva de determinados acontecimentos negativos, requer uma reparação das estruturas da pessoa que o sofre.

Se estas não forem reparadas, os efeitos traumáticos persistirão ao longo do tempo. Uma pessoa traumatizada vive em sofrimento, sentindo-se insegura e dependente.

Experimenta, então, sérias dificuldades numa multiplicidade de áreas da sua vida: nas relações pessoais e/ou afetivas, na família, no emprego, na estabilidade económica, na conservação da saúde física e mental, etc.

O trauma implica o desequilíbrio persistente na existência da pessoa.
Os diagnósticos são geralmente dois – a Perturbação Aguda de Stress (PAS) ou a Perturbação Pós-Stress Traumático (PPST).

Ambos se diferenciam em intensidade em duração.
Ambos implicam sintomas de evitamento, ativação e intrusão.

  • O evitamento manifesta-se pelo início de depressão, por um embotamento emocional ou tentativa de pensar no acontecimento traumático vivido;
  • A ativação manifesta-se pela ansiedade, pelo aumento do ritmo cardíaco, pela ocorrência de suores e pelo aumento considerável da tensão arterial;
  • A intrusão implica a ocorrência de pensamentos indesejados, imagens intrusivas ou flashbacks, e de pesadelos;
Quando cada uma destas três áreas de sintomas está presente mais de quatro semanas, estamos diante de uma PPST.

Quando existem sintomas das três áreas num período inferior a quatro semanas, estamos diante de uma PAS.

Os efeitos do stress traumático são muitos. Eis alguns:

  • Dificuldade de concentração;;
  • Diminuição da expressão emocional;
  • Disrupção das relações interpessoais;
  • Problemas de saúde mental devidos a pensamentos intrusivos;
  • Respostas de alarme;
  • Pesadelos;
  • Uma maior procura dos serviços de saúde;
Quando o trauma é causado por ação humana – o que é o caso de um homicídio ou de um ato terrorista – os efeitos podem ser devastadores e a sua duração é mais extensa que o trauma causado por acontecimentos ligados à natureza (por exemplo, uma inundação) ou ao acaso (por exemplo, um acidente rodoviário causado pelo rebentamento de um pneu).

Embora seja falsa a ideia generalizada de que todos os sobreviventes de acontecimentos potencialmente traumáticos ficam traumatizados, com efeito, podem ser apontadas algumas variáveis que propiciam o trauma:

  • O acontecimento ter ocorrido às mãos de outra pessoa;
  • A ação ter sido intencional;
  • O/A seu/sua autor/a ser uma pessoa conhecida e/ou de confiança, ou da família;
  • O período de decorrido desde o acontecimento;
  • Uma fraca rede social;
  • O facto de o acontecimento ter alterado a vocação ou o papel desempenhado pela pessoa na família ou na sociedade;
  • O acontecimento ter ocorrido num local aconchegado ou seguro;
  • A sobrevivência ao acontecimento ser considerada como fonte de orgulho pessoal e de reconhecimento social; ou, pelo, contrário, ser fonte de humilhação;
  • A pessoa ter sofrido anteriormente um trauma semelhante (no passado)
Se suspeita estar a vivenciar trauma psicológico decorrente de um crime, ou conhece alguém nessa situação, contacte-nos.